Estes dias eu acordei e você não estava mais aqui.

Olhei pro lado e você não estava na cama nem embaixo dela. Procurei nas listas do meu Spotify, no meu café com leite, no meu Moleskine. E nada.

Cadê você?, eu me perguntava intrigada, tentando achar uma forma de saber onde eu tinha te escondido ou te deixado. Logo eu, que te guardei tanto nos últimos sete meses. Nem no meu pendrive, naquela música que a gente dançou junto você estava. Também não te encontrei nem em lágrima e nem em saudade. Eu deixei você ir embora.

E aí, eu percebi que seu canto aqui dentro vai ser pra sempre seu, mas meu coração cresceu e me pediu mais espaço, me pediu novo tempo, recomeço.

Tem uma cena no filme “Comer, Rezar e Amar” em que a Liz vai até um enorme terraço para se perdoar e enviar luz para o ex-marido dela. E enquanto isso acontece, ela o mentaliza ali e eles também dançam. E se despedem num breve para sempre.

Eu estou no meu terraço neste momento. E eu te encontro nele, com as malas prontas. E então, chego devagar, sorrindo com carinho, e eu seguro o seu rosto da mesma forma que eu fiz quando te beijei pela primeira vez. Encosto a minha testa na sua e o meu nariz no seu que eu sempre achei tão lindo… E sussurro tudo o que eu vou sempre sentir por você…

Boa viagem, querido. Obrigada por ter me devolvido pra mim mesma, pela dança, pelo Amor que a gente fez junto. Obrigada pelo filho cheio de letras e histórias que você me deu. Obrigada pela blusa azul, pelo jogo do Palmeiras… Lá fora, alguns elefantes estão te esperando.

Para o garoto com nome de Beatle que um dia me pediu uma samambaia de presente. Ele não sabe disso.